《MEMÓRIAS DE UM DEUS - Ficção [português]》FINALMENTE, SEM REMENDOS

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Giro os dedos no ar, e apenas vejo energia girando em energia. Eu vejo isso! Consegue ver também?

Ariel parou o que estava fazendo e ficou prestando atenção em Lázarus, quando o viu retirar completamente a armadura e ficar observando-a, avaliando cada sinal nela imposto. Curiosa o viu inspecionar as correias e metais, o jeito concentrado e avaliador.

+ficou ainda mais atenta quando viu Valentina passou por ele, parar e se voltar curiosa, medindo o estado dela. Sorriu quando ela se aproximou e se sentou ao seu lado, também avaliando a armadura. O anjo parecia não ter percebido sua presença, tão concentrado estava.

Porém, a colocou de lado, voltando sua atenção para os seus afazeres, torcendo para que Valentina o fizesse ver o estado terrível em que a armadura dele estava.

- Nossa, essa aqui foi feia, héim? – apontou Valentina para um corte largo nas costas. – Doeu?

- Um pouco... Essa aqui – falou pegando a armadura do chão, apontando para uma outra que parecia um rasgo feito pela ponta de uma lança, no lado direito, que devia ter atingido a segunda e terceira costelas. Ela media pouco mais que 2 cm. – Essa aqui foi a primeira. Foi feita por uma lança do sol. A gente ainda não sabia o que era a escuridão, e fomos atacados.

- Então cada uma delas tem uma estória... – cismou ela passando a armadura em rápida revista.

- Sim, cada uma delas...

- Mas, se estão em sua mente, por que precisa delas para se lembrar? A sua armadura, logo, vai ser apenas pedaços pequenos amarrados por essas tiras de pano. E cada vez mais barulhenta –sorriu.

- Não são tiras de panos – ele falou sério. – Na verdade, são esses panos que aguentam quase toda a carga...

- Sei – ela falou como se aquilo não tivesse a menor importância. – E esses remendos esquisitos? Você que colou eles aí?

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- É que... Sim, fui eu. Ficou bom?

- De verdade?

- Claro, manda!

- Sua armadura parece em frangalhos. Ela chacoalha demais, faz barulho demais. Ela não está legal... A grande verdade é que está muito ruim. Se você perguntar para o Avenon, tenho certeza que ele vai dizer que está uma mer...

- Já entendi – interrompeu, sorriu ao ver aqueles olhos brincalhões.

- Eu tenho outras palavras para descrever sua armadura – falou, não conseguindo mais segurar o riso, que explodiu como se fizesse o ar brilhar.

- Está se divertindo, não está?

- Claro que sim...

- Tá bom... Mas, eu posso consertar...

- Pode? – quis saber Ariel se aproximando, o rosto com um sorriso incrédulo, se sentando ao lado de Valentina. – O que você acha, Valentina?

- Nossaaaa... Eu acho que ela está terrível. Por que não joga fora e arruma outra?

- Pelo Trovão, não!!! – assustou-se Lázarus.

- Éééééé...

- O que foi? – Lázarus perguntou, olhando preocupado para a purumana.

- Você acha que ele consegue dar um jeito nela? – riu Ariel, como se duvidasse da capacidade dele.

- Não sei... Estou em dúvida, Ariel – Valentina confessou, os olhos perdidos nas marcas da armadura.

- Está bem, está bem... Vocês venceram. Já que estamos aqui, conversando sobre ela, acho que está na hora de dar um jeito nela.

- Oba, isso vai ser divertido... – Valentina disse feliz, se ajeitando e dobrando um pouco o corpo, mais atenta aos consertos que ele iria providenciar.

Ariel assustou-se, enquanto Valentina ria à toda. De forma acelerada, e com o rosto muito sério, Lázarus aplicou uma grande quantidade de remendos nela.

Como se fosse um artista terminando uma obra de arte, com um dedo aplicou o último remendo, olhando com ar aprovador para o resultado, pouco se importando com a opinião, e com o riso dos que presenciaram o conserto da armadura.

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- Não, você deve estar de brincadeira – Avenon veio correndo, a boca aberta ao máximo, já rindo de longe. – Quer grande merda é essa?

- Viu, não falei que ele ia dizer isso – riu Valentina.

- Vocês só podem estar de brincadeira – Lázarus reclamou, a confusão em seus olhos. – Não gostaram? Valentina, veja – falou ficando de pé. Com ar feliz a levantou e a chacoalhou no ar. – Viu? Quase não faz barulho.

Aí os três riram abertamente, o que chamou os outros para junto.

Quando Mulo e Sol se juntaram aos outros, Lázarus sorriu, acreditando que pelo menos Mulo lhe daria razão.

- Pelo Trovão, o que é isso? – assustou-se Mulo, vendo a armadura que Lázarus mostrava, erguida como uma obra de arte.

- Que coisa é essa? – Sol se assombrou, tocando de leve num remendo.

- Ah, entendi... Vocês estão unidos... – reclamou sentando-se novamente e deixando a armadura cair tristemente contra sua perna. – Como não podem ver que ela é, de verdade, uma bela armadura? – perguntou confuso.

Ariel se levantou e sentou-se ao seu lado, percebendo que ele realmente acreditava que ela estava maravilhosa.

- Vamos lá, você pode fazer melhor. Que tal consertá-la, mas sem usar remendos? Lembra quando ela era nova em folha?

- Isso é fácil...

- Só uma pergunta: de onde faz surgir o metal? – perguntou Valentina, mostrando profundo interesse naquilo que via como magia.

Lázarus a observou com carinho, e suspirou fundo.

- Tudo é energia, meu bem. Veja – falou tomando um punhado de terra, - isto é feito de energia, tal como o ar, o sol que está lá em cima, a água da chuva, a pedra e tudo o que existe, até mesmo o seu corpo – falou, deixando a terra cair novamente ao chão.

Então, de seus dedos surgiram pequenos e silenciosos raios azuis, que pareciam eletrificar o ar em volta deles.

> Isso é energia, esses pequenos raios aqui. E podemos uni-los para...

Ante os olhos de todos, grânulos de terra foram se formando, caindo no solo, onde formaram um pequenino monte entre seus pés.

> Tudo nós podemos criar com a energia, com a energia que é o próprio Trovão. Assim são feitas essas árvores e os rios, e as nuvens e... os corpos que usam. Um dia vocês foram sementes do UM e sabiam disso, e ajudaram a criar muitas das coisas que existem nos lugares criados. Mas, esqueceram, porque assim decidiram...

Então, com suavidade, foi passando as mãos sobre a armadura. Os remendos, tocados por luz, foram sumindo, enquanto a armadura era reconstituída.

Em pouco tempo viram novamente a armadura toda refeita, como se fosse bem novinha e nunca tivesse visto combate.

- Ah, finalmente, sem remendos... – suspirou Ariel deitando a cabeça em seus ombros, os pensamentos se perdendo longe no tempo. – E esse rasgo aqui, não vai desfazê-lo? Você já até tirou o remendo...

- Esse foi o primeiro – disse passando com carinho o dedo na ferida da armadura. – Por enquanto, vou deixa-lo aí...

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