《MEMÓRIAS DE UM DEUS - Ficção [português]》UMA GRANDE DECISÃO - 94.839 e6

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Eu vejo o futuro, e confesso que ele me confunde. Vejo quantas possibilidades se abrem, e sempre cada vez em maior quantidade. Por que criaram esse parque?

Safiel fez um largo círculo sobre Par Adenai. Por um tempo ficou ali, sozinho, vagando no ar, pensando sobre os que caiam. Então, com suavidade, desceu ao lado deles.

- Então, cá estamos. E novamente – falou Safiel com o ar pensativo, cumprimentando Shen, a longa cauda enrolada em duas colunas de mármore, os modos majestosos e pensativos, examinando o que acontecia. – Mais uma queda...

- Ao menos por algum tempo – Lázarus sorriu. – Foi muito pesado, não foi?

- Desanimado, Lázarus? – brincou o anjo se servindo de um pouco de ambrosia de uma tigela rasa e se sentando na larga varanda, vendo a alvorada pintada pela queda dos anjos.

- Não... Só cansado. Essa guerra foi terrível. Quase perdemos os homens.

- E, como se não bastasse o que passamos, o problema dos dahrars ainda continua – falou Mulo, os pensamentos vagando longe.

- Ei, cuidado aí. Nós dois somos esses dahrars também – riu Avenon.

- Ainda dá tempo de cuidar de vocês dois – riu Ánacle.

- Com certeza é uma ideia tentadora – falou Ariel, observando os dois com o rabo dos olhos. - Então, por que nos chamou, Safiel? – estranhou Ariel.

- Ah, só queria estar com vocês, em um dia assim. Por incrível que pareça, vocês me fazem bem.

- Ora, e por que não vira um AsaLonga? – perguntou Valentina, um brilho gentil nos olhos.

- Quem sabe? – falou Safiel, num tom de voz que chamou a atenção de todos.

Subitamente todos se deram conta e se voltaram para avaliar o anjo com grande atenção.

- Sério? Isto é de verdade? – Lázarus levantou, ficando de frente para o amigo.

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- É verdade sim, meus amigos. Venho pensando nisso há algum tempo.

- Ora, que bom que então não fui eu quem deu a ideia – suspirou Valentina satisfeita, para alegria dos outros.

Então, todos se puseram novamente atentos ao anjo.

- Um AsaLonga? – perguntou Sol, os olhos tentando ler os olhos do anjo. – Você vai descer como anjo? Ou vai encarnar como pessoa? Ou humano? – perguntou, os olhos luminosos tentando ver algum indício em Safiel.

- Ainda não sei, meu bem. Mas, quem sabe?

- Tudo bem. Está em dúvida sobre que tipo? – Avenon não escondia sua euforia. Ele gostava de mudanças, cismou Lázarus.

- AsaLonga, uma pessoa, um humano... Ainda não me decidi.

- O que te levou a pensar assim? – perguntou Ariel, os olhos atentos ao anjo.

- Vocês – ele declarou com simplicidade, o que fez todos se entreolharem, confusos.

- Nós? – estranhou FlorDoAr. – Por quê?

- Vocês estão mergulhados nisso, nessa experiência, e por isso talvez lhes seja difícil avaliar tudo o que são, como são, o mundo em que estão. Parece opressivo e cruel, e é certo que é assim, mas vocês não têm noção do quanto avançaram, do quanto se esticam, se experimentam, se desafiam. Sabem, a mesmice fez o UM nos lançar no vazio. A mesmice, pessoal.

- Tem lógica – avaliou Lázarus, os pensamentos perdidos, tentando avaliar como tudo ficaria a partir dali. – E, quem vai ficar em seu lugar, Safiel?

- Ah, quanto isso pode ficar tranquilo. Ele é mais que capaz. Emanoel!

- Será uma escolha maravilhosa – pesou Lázarus, com um sorriso no rosto. – Ele é realmente muito bom, muito capaz.

- Vai mesmo deixar de lado suas asas? – perguntou Valentina, a voz um pouco triste.

- Já há muitos anjos sem asas – Safiel sorriu.

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- Já vi muitos deles, mas sabe que não é isso que eu perguntei – sorriu.

- Eu sei, minha querida. Mas, como disse, sei que vou descer, mas ainda não sei como, nem quem serei ou quando irei. Mas prometo, vocês irão saber - falou se levantando. – Tendavar, meus amigos – se despediu, a voz em um tom pensativo.

- Tendavar – foram respondendo os presentes.

- Que grande surpresa, não? – sorriu FlorDoAr tirando os olhos do céu assim que o anjo despareceu das vistas.

- Sei que vocês sentem esse ar estranho – falou Mulo. – Desconfiam?

- Tenho as minhas desconfianças, e confesso que isso está me deixando muito preocupado – revelou Avenon, para estranheza dos outros, pois sabiam o quanto ele preferia não preocupar os outros. – Com o poder dele, o imaginou sendo uma pessoa demônio ou um dahrar, enquanto seu poder não se dilui?

- Ele é muito ligado com você, Lázarus. Acho que deveria ir atrás dele – sugeriu Ariel, sob o olhar de apoio dos outros.

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