《UMA ESTÓRIA DANATUÁ (ficção - português)》ESTÁ ERRADO
Advertisement
O que vamos dizer ao futuro, pelas falhas que cometemos agora?
Uivo ficou em silêncio, observando os preparativos de partida das muitas comitivas organizadas para dar combate aos invasores. Aquela seria os preparativos para a partida da primeira comitiva. O dia principiava, e a luz dourada e fria dos primeiros raios de sol atingiram a floresta, e logo o atingiria. Longos fiapos brancos e vaporosos de neblina se levantavam com preguiça do meio das árvores, borrando o céu azul.
Á frente do conselho as comitivas foram se formando e partindo. Primeiro foi a triga de demônios de ZanaDun, que logo partiram para o norte. Logo após uma outra triga, agora de enormes lobos de Tune-Adun que sumiram tão rapidamente quanto os demônios ao sinal do conselho.
Então houve a espetacular e comovente partida do upupiara Tunaque, num formidável salto da cachoeira que despencava da pedra riscada em direção ao lago abaixo, onde sua triga o aguardava.
A guerra se tornara uma realidade, sentiram em suas almas. O voo de Tunaque, como seria conhecido aquele dia, não deixava dúvidas sobre isso.
Então todos que haviam vindo para prestigiar a partida das três primeiras comitivas que partiam para a guerra rapidamente tomaram o caminho da clareira das sombras, onde estava montado o maior acampamento e de onde deveriam partir os dois danush.
Ante a importância do evento, danças e rituais e bebidas para simbolizar a vitória na guerra aconteciam ali.
Após algum tempo, perdido no meio da festividade que ali acontecia, Adanu sentiu sua alma diminuir ao ouvir uma anaxaura exigir que os prisioneiros fossem trazidos para o ritual.
- Então que tragam os prisioneiros para a Alcapa[1] - ouviu a sugestão eufórica de uma anaxaura.
Subitamente ficou em alerta, e procurou ver onde estava Uivo. Sabia o quanto isso o desgostava, e pelos modos dele viu que tinha razão.
Ele estava perto de uma alta e frondosa paineira, e parecia totalmente alerta.
- Eles são muito poucos - alertou outra anaxaura.
- A gente pode sair para capturar mais guerreiros. Afinal, nós vamos precisar de todas as forças que pudermos juntar - voltou a falar a que dera a ideia.
- Não podemos! - exclamou forte Uivo com a voz cansada, postando-se firme ao lado da árvore.
Repentinamente se fez silêncio, e os que estavam ali se voltaram e encararam Uivo, os semblantes confusos e muitos deles nitidamente irritados.
Allenda, com um sorriso como se já estivesse esperando por isso, se levantou, interessada em acompanhar o que quer que pudesse acontecer.
Mantendo uma atitude altiva Uivo olhou firme, diretamente para as anaxauras.
- Não podemos o que?
A voz de Dene-dene saiu meio esganiçada, pego de surpresa com uma oposição tão espantosa. Dene-Dene mirava o jovem com um misto de estranheza e exasperação.
- Não podemos sacrificar prisioneiros. O acordo,...
Um vozerio revoltado começou a se levantar do povo, e Dene-dene espalmou a mão para eles, que se calaram de imediato.
Advertisement
- Espere ai! O que é que você disse?
- Disse que não podemos fazer sacrifícios. Não devemos esquecer o acordo.
- Pois sim,... E por que não? - questionou Dene-Dene se levantando, dando a voz uma modulação suave, daquelas que se usa com os de mente fraca. - Concordo que não devemos sair numa expedição de caça, mas quanto aos que já estão presos,... O acordo da união dos homens e seres, o chamamento aos danatuás não alcança os prisioneiros feitos antes do acordo. É justo que nos beneficiemos dos que são nossos por direito.
- Insisto que não podemos fazer isto – Uivo falou novamente, a voz fria.
- Por que insiste, nefelin? O que o está incomodando?
- Insisto porque os tempos estão mudados; já não são os mesmos - falou com voz firme. – Insisto porque os terríveis guerreiros que foram caçados não lhes cederão mais suas forças; porque os bravos e nobres guerreiros não os deixarão mais fortes, valentes ou nobres quando comerem suas carnes - falou num tom mais alto para poder ser ouvido acima do burburinho que se instalara. – Se querem a força deles, que os deixem vivos para lutar.
- E como nosso pequeno nefelin enxergou isso, enquanto nós nada vimos? - perguntou Danara com vivo desprezo na voz, para mal estar dos outros nefelins que estavam presentes e que observavam Uivo com ódio.
- Apenas sei que não devemos mais agir como aqueles que estamos para enfrentar...
Um urro irritado subiu dos seres. Apesar disso Uivo se manteve tranquilo, o que fez com que Dene-dene o observasse com os cenhos franzidos. Virou-se intrigado para o pajé, que pigarreou e avançou para junto do rapaz.
- Desculpem o Uivo - pediu Tenebe totalmente consternado afastando-o com o braço. - Ele está muito excitado com todos os preparativos.
Enquanto o empurrava para fora fez sinal para alguns guerreiros postados junto à orla da mata. Subitamente eles desapareceram. Quando retornaram logo depois puxavam duas duplas de guerreiros capturados, cada dupla unida por cipós amarrados nos pescoços.
Adanu remexeu-se incomodado, os olhos fixos em Uivo que se mantinha perto da borda da floresta, junto à margem do rio, contido por Tenebe. O rapaz parecia amuado, encarando os que estavam reunidos com um olhar de acusação, principalmente os do conselho. O conselho de anciãos ignorava o nefelin, mas mirava Adanu, estranhando a atitude do mesmo, por se mostrar triste e desconsolado num momento como aquele.
Então pegaram a primeira dupla, dois guerreiros fortes e de olhar duro, que foram rudemente postos de joelhos. Eles olharam para os lados, procurando reconhecer o terreno. Não encontrando nada que lhes pudesse dar alguma esperança ficaram com os olhos longe, alheados a tudo o mais. Um pajé de olhos vidrados postou-se atrás deles. Com um único golpe seco e oco da borduna o primeiro caiu pesado para frente. O outro saiu de seu alheamento. Ele olhava fixamente para Adanu quando o golpe o atingiu. Sangue e cabelos voaram junto com pedaços de cérebro, mancha respingando no outro guerreiro caído.
Advertisement
Talvez aquela morte fosse a que mais tenha doido em Adanu, de tantas que já assistira. Ele sentiu uma dor no peito, incômoda, ressentida. Seus olhos ainda vasculhavam os humanos estirados inertes no chão quando vários se adiantaram e os levantaram. Estardalhaço e alegria, risos e gritos de satisfação os levavam para os grandes jarros onde seriam escaldados, para facilitar a retirada da pele para, só então, serem desmembrados, limpos e assados.
Adanu se encolheu dentro do mundo que se apequenara e se tornara cinza.
Então um novo grupo puxou a outra dupla. O primeiro, ao ser empurrado para baixo, forçou o outro, que soltou um urro violento.
Todos se arrepiaram.
Não houve tempo.
O outro prisioneiro da dupla não era um homem, mas sim um demônio, um fantasma anhangá. Esse era muito forte e poderoso. Com um golpe cortou o companheiro com as garras e estraçalhou duas pessoas e o pajé que estavam mais próximos.
Houve grande alvoroço.
Guerreiros às pressas se armaram enquanto nefelins e pessoas se apresentavam poderados para o combate.
O anhangá foi atingido duas vezes, e mais dois ele matou.
Um grande círculo se formou à sua volta, e um a um os guerreiros foram entrando para combatê-lo.
Um grande mapinguari caiu sob o ataque feroz do anhangá, e sua cabeça foi despedaçada com um poderoso golpe.
O cerco apertou-se.
Percebendo que não conseguiria sair com vida o anhangá saltou alto, saindo do círculo que o envolvia. Quando tocou o solo Tenebe foi lançado longe e Uivo foi agarrado e empurrado contra uma árvore. O anhangá preparava-se para destroçá-lo quando, com um urro formidável, um terrível puma cravou suas garras na lateral do braço do demônio e esgarçou seus músculos. O anhangá gemeu de dor e soltou Uivo, que nem chegou a tocar o solo. Como se voasse, em pumacaya Uivo avançou as garras que atingiram a base da nuca do anhangá que se virara para dar combate a um lobisomem que o atacava. Tendo como apoio as garras Uivo montou sobre o pescoço do anhangá com grande rapidez e cravou a outra garra, forçando o mais que pode para baixo. O anhangá estremeceu violentamente, e muito devagar foi tombando para o solo, o pumacaya aferrado às suas costas. Num tranco violento Uivo abocanhou a parte traseira da cabeça e, com as garras, cortou todo o pescoço. Com um golpe seco puxou a cabeça e a soltou ao lado do corpo.
O sangue negro escorria pelo corpo, encharcando o chão.
Vivas e ovações explodiram no ar ao tempo em que o anhangá ia sumindo como névoa.
Uivo endireitou-se, os olhos injetados, os pelos longos batendo-se ao vento, o ódio em cada fibra do corpo. Num impulso forte saltou contra um tronco. Tomando impulso empurrou-se para longe e, de tronco em tronco, sumiu na floresta.
A cada salto mais aplausos e ovações, o que os deixou ainda mais eufóricos e alucinados.
Adanu encontrou Tenebe, que tinha os olhos fixos na floresta. Quando seus olhares se cruzaram Adanu assentiu, movendo suavemente a cabeça, concordando em que fosse atrás do jovem.
Tenebe, entendendo a intenção de Adanu, moveu a cabeça quase imperceptivelmente. Num movimento rápido e decidido se virou e partiu atrás do rapaz, a preocupação apertando o coração.
Allenda, que a tudo seguia, balançou a cabeça em discordância.
- Essa é uma fraqueza dele, que pode se voltar contra ele, de novo. Será que ele não percebe o quanto isso lhe faz mal, o quanto o obriga a se arriscar tanto? – reclamou para Adanu, os olhos na floresta onde Uivo desaparecera.
- Todo ente tem sua posição, mas somente poucos se decidem a defendê-las. Esses são os imprescindíveis, minha filha. Linhas que se criam, linhas que se cruzam. O futuro mostrará como foi tecido - sussurrou.
Allenda olhou curiosa para o pai, e viu que ele parecia extremamente cansado.
- O futuro mostrará – Allenda se despediu, se perdendo no meio da confusão.
Por um tempo Adanu ficou parado, os pensamentos escorrendo pesados. Por fim, respirando fundo se apartou da balburdia dos festejos que logo recomeçaram.
Por todo o tempo que durou a festa e as disputas de força e coragem, até que a carne e as bebidas fossem consumidas, Adanu manteve-se distante e pensativo. Parecia que tudo aquilo acontecera há tempo demais. Por fim aspirou lentamente o ar frio e cheio de penumbras que envolvia a pequena e sagrada clareira da floresta das sombras. Dali de onde estava podia ver com clareza, ao longe, a pedra riscada e a cascata das cobras.
Sorriu sem jeito.
- Muita coisa aconteceu!
Abriu os braços para a floresta, a velha, a antiga, de onde partiriam os grupos. Apesar de aparentar ser uma floresta amena e tranquila, todos que a conheciam a respeitavam, até mesmo a veneravam. Aquele era um dos lugares mais repleto de mistérios e magias, e por isso mesmo extremamente perigoso aos desavisados e de corações pesados. Quase encostado atrás da grossa parede de mato e galhos todos sabiam estar a trilha do tatu, uma via estreita que, vindo das profundezas da floresta, ali fazia uma curva suave que contornava a clareira até chegar ao lado diametralmente oposto, onde retomava a direção antes interrompida. Para se entrar na clareira só havia uma entrada, bem sob o local onde o sol nascia no equinócio da primavera.
O círculo de céu que se via estava de um azul forte; as nuvens brancas e floculadas cruzavam o círculo com extrema mansidão.
Era um belo dia para um grande empreendimento. Finalmente ele havia chegado, furtivamente, quase sem ser percebido, tal como as coisas que podem mudar um mundo.
[1] Ritual que ocorria antes de algum evento importante, onde eram sacrificados e devorados inúmeros prisioneiros;
Advertisement
- In Serial54 Chapters
Hilda Finds a Home
Hilda is a small paladin with a small dream. A home of her own where no one will wake her up at sunrise to do the dishes. Her path to glory will include a lot of dead rats and copper pieces. At least that's that plan. Who knows though? Maybe at some point something cool will happen to her. Unlikely. Nothing cool ever happens to poor Hilda... but who knows? Updates on Mondays and Thursdays. This is an ongoing series that currently includes: Book 1: Hilda Finds a home (Complete) Interlude: How a Sad Giant Became Red (Complete) Book 2: Dwarf to the Moon (ongoing)
8 91 - In Serial58 Chapters
The War of Two Kinds
Humanity was slowly dying out, resources scarce and only the reliance on technology and/or old primitive ways were the only choice to continue. Discovering old artefacts of yonder time, they found out the second being of life naming themselves as the Guardian species. With immense power in possibilities and their likeliness to humans, it was their only salvation as both kinds struggle their way to continue their desperate measure to keep the world alight. However, this wasn't all. A secret governmental team of operatives scouted from all around the world was trying to find a cure for *The Happening*. An endangering disaster that wiped out most of the male species, whether human, animal or any type of sexual reproduction in the other kingdoms. Most females too, once you scavenge more into the deeper truth. Equipped with weapons of bio-destruction made by both the species intelligence in weapons and nuclear scientists, they will mow down the terrorist groups, the hidden organizations, and any other party--that tries to stop their freedom and rights to a better tomorrow. However as much as they fight, Hell just needs to grasp them to a closer end, with worse corruption.
8 201 - In Serial11 Chapters
ALmond
When Max O'Brien receives an almond with a skull painted on it, he initially plays it off as a prank. But, after his wife leaves town, he begins discovering more of the nuts hidden around the house. More disturbing than that is that some unseen intruder is keeping an accurate running count. The more almonds Max finds, the stranger things get. Mysterious noises. Moving objects. Damaged valuables. It's a haunting that grows in power with each success in the involuntary scavenger hunt. As the almonds pile up so do the threats until Max realizes he may just not survive. ____________________________________________________________________________ Author note - This is a short work originally written for Wattpad's Novella Contest (finished second overall). It's a total of 11 chapters and just about 23k words. I'll post a chapter every 2-3 days so it'll wrap up fairly quickly. Anyone in the mood for a quick goofy/creepy read should give it a try. Thanks.
8 106 - In Serial8 Chapters
# The Gemstone of Ominium 2 - Pain
Her unfazed expression didn’t even waver when the blade of her thin sword pierced one of the men all the way through armor, flesh and bone, a gurgling sound bubbling from his throat. With a kick she mercilessly pushed him back, freeing her blade, and glanced down at his dead body sprawled at her feet, confirming that death had indeed taken him. Stepping over the dead man’s body as if it were a mere pebble on her path, she raised her head just in time to see her second attacker lunge at her and, nimbly turning on her heels, she slit his throat. A spray of hot, sticky blood hit her left cheek and slid down her neck, but she didn’t even blink. The scent of the fresh blood filled her nostrils and her brain like an inebriating drug and she stepped forward once again, lightly turning to one side to avoid being decapitated and quickly returning the favor. One by one the men kept falling as she advanced, victims of her lethal, almost mechanical movements, as if she’d been born with a sword in hand and ready to kill …* This is a direct continuation of Book 1 - Denial. You CANNOT start reading Book 2 without reading Book 1, since the story won't make any sense! Enjoy ^_^*
8 144 - In Serial10 Chapters
Colosseum of Indossus
A man from ancient days faced a deadly society, at peril for what he stood for in the face of the Empire. One fateful night Densu (Main protag) is confronted by a spirit who warns and guides him for the journey he is about to partake. He is soon thrust into a scandal far beyond his pay grade and must slave his way out of debt, at the mercy of the new world he finds himself in. Can his heart of gold withstand the torments of this beautiful but depraved world? Find out more of his Legendary struggles within the eternal realm of Kyros in- Colosseum of Indossus!!!!
8 132 - In Serial84 Chapters
Dungeons of the Abyss and the Unchosen Heroes
The Abyss, a realm of nightmares and madness parallel to this world. As the fabric of reality tears, the Abyss floods into this world, corrupting and twisting it, forming domains of chaos known as the Dungeons. To stand against the ever-spreading Abyss, the Chosens gathered to form the Lightbringers, a band sworn to protect this world from Abyssal threats. Risking their lives, they delve into the Dungeons depths, facing countless horrors to seal off the Abyssal rifts. However, that was neither here nor there for those who delved into the Dungeons for their dreams and desires, scraping by with coins made from trading in the curious objects found within and hoping to one day find riches and glory. The world might end tomorrow, but they still have to work in case it doesn't. This is the story of your everyday adventurers with no divine blessings, no grand destinies to fulfill, and no world-saving quest to carry out. This is the story of the unchosens who wounded up becoming heroes in their own rights.
8 252

