《ALÉM DA CORTINA [português]》AS SOMBRAS CONTRA O SOL – 1,982 eon - Tempo espírito – um encontro.
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Um dia uma porção de energia se condensou, se tornou nuvem, que se tornou um sol.
Sei que posso, só ainda não sei como...
- Que sentimento é esse que queima dessa forma tão terrível? Que nomes esses sentimentos possuem? Você sente o mesmo que eu estou sentindo? – perguntei para o que estava logo ao meu lado.
- Aparentemente é o mesmo. É uma vibração bem menor, mais...
- Tem pouca luz – cismou um outro mais distante, observando preocupado as formas que enxameavam em torno de Aden, que se mostrava tão perdida quanto nós.
Então um de nós, Azazel, que estava mais próxima das formas de menos luz, se aproximou um pouco mais delas e estendeu sua consciência, ainda se mantendo ligada a nós. Nesse momento, para aumentar ainda mais nossa confusão, aquelas formas tiveram consciência de nós, e se viraram para nos encarar. O que nos causou estranheza foram os sentimentos que demonstraram, os quais ainda não tínhamos experimentado. Não era amor aquilo, não havia luz no que nos enviavam.
Então, de súbito, tomados de uma pressa inimaginada eles avançaram contra a nossa irmã e a prenderam.
Eles estavam como ondas escuras, como uma fumaça pesada de onde parecia escorrer algo que não entendíamos o que poderia ser, a não ser que nos fazia muito mal sua proximidade.
Um grito ouvimos, e em resposta um grito todos nós lançamos. Éramos milhões de milhões, atônitos, sem entender o que acontecia.
Relutantemente, como uma muralha tímida nos aproximamos um pouco mais, como sonâmbulos todos nós, sem entender o que estava acontecendo.
Os escuros, mantendo a nossa irmã aprisionada com determinação, se lançaram em nossa direção e tentaram capturar mais alguns de nós. Mas, já de sobreaviso, onde eles atacavam nós nos afastávamos, como uma massa gigantesca de sardinhas quando é atacada por algum predador. Eles faziam a curva no espaço, um riso sarcástico ecoando em nossos seres, e tentavam novamente, e novamente.
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Algo do que acontecia já era do nosso conhecimento, como muito do que sentiam aquelas criaturas que atacavam a nossa irmã, e ficamos assustados, porque esse sentimento, e como reconhecê-lo, nos foi passado por Azazel, que mostrava estar em intensa agonia.
Nos afastamos para longe do alcance deles, confusos e assustados, enquanto nossa irmã era tomada de intenso temor, que também passou a ser nosso.
Foi um dos nossos irmãos, Amadiel, o que mais fervor tinha quando criava, que mudou sua aura e encarou a dor. Com uma velocidade estonteante o vimos avançar contra as formas invasoras e tomar nossa irmã de volta, que já mostrava intensos sinais de agonia.
Os escuros tentaram impedir nosso irmão, estranhamente sem muito empenho. Eles os deixaram ir-se, felizes de terem, agora, o planeta apenas para eles, porque nos afundamos e nos perdemos nos espaços escuros, onde nos refugiamos.
Mas uma imagem ficara na mente de anjo Samael: um ser gigantesco, que nunca tinha visto, ficou observando de longe enquanto nossa irmã era resgatada. Foi ele, ele sabia, que fizera um sinal muito sutil para que os outros não os perseguissem. Como se houvesse um sussurro claro e límpido em sua mente soube seu nome: Mercator, o flagelo. Mas tinha certeza de que notara algo diferente nele, em toda aquela fúria desmedida: havia uma dor suave, quase imperceptível, apesar de manifesta, por mais que o demônio tentasse esquecer-se dela ou mantê-la oculta.
Por muito tempo cuidamos de nossa irmã que havia caído nas mãos dos escuros. Azazel sempre tivera uma luz marrom esverdeada, forte e linda, extremamente curiosa, e agora, observamos preocupados, sua luz se mostrava um tanto embaçada e havia fortes tons opacos se revolvendo dentro do que era, e passara a olhar à volta com muito menos alegria e liberdade que antes mostrara.
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Por longo tempo nós irradiávamos para ela nossa energia, ajudando-a a se recuperar. Mas, nesse processo, sua dor nossa se tornou, e tomamos também contato sentido com a escuridão.
Assombrados nos mantivemos afastados de Aden e de suas proximidades por um enorme tempo.
Ocultos num canto remoto daquela pequena galáxia no universo de Thanis, que agora entendemos se chamar Nébadon por causa da chegada das sombras, ficamos observando de longe, tentando entender o que estava acontecendo.
Sem conseguir assimilar vimos que o que tanto amávamos estava sendo adulterado e conspurcado. E, para aumentar ainda mais tudo o que sentíamos de mal, havia uma terrível dor em Aden, Mitra e Vintra, e pedidos magoados e silenciosos por ajuda ressoavam em nós. Mas, que ajuda poderíamos dar, se nem mesmo sabíamos o que eram aqueles seres de sombra que encobriam tudo em que punham suas vontades?
Mas, será que realmente os deconhecíamos?
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