《ALÉM DA CORTINA [português]》TREVAS, ESCURIDÃO E MERCATOR - Tempo espírito – Quem somos, afinal? Demônios?
Advertisement
Desde então, ele o tem sob atenção.
Sei da sua dor e do que o consome. Tenho o mesmo em meu coração.
Zadckiel não podia acreditar que um desespero e uma dor como aquela pudessem existir. E aquela terrível surpresa não era somente dele.
Por anos-luz a toda a volta via sofrimento em graus diferentes, em maior e em menor grau que o seu.
Não conseguia definir qualquer coisa, nem se fixar em nada. Havia só aquela dor, aquela agonia.
Tudo aconteceu logo que o mecanismo foi acionado, sem qualquer diferença de tempo.
Subitamente linhas de força de extremo poder os foi atingindo, aprisionando-os, um a um, aos milhões que estavam ali e que tinham suas mentes abertas para aquela experiência. E havia aquela sensação de freada violenta e de uma força que tentava arrancar com sanha bestial a energia que eram. A dor era monstruosa.
Balael se dobrou em agonia e terror, como muitos dos anjos que estavam ao seu lado, sons horríveis ecoando como golpes em tudo o que eram. Sentiu que estava enlouquecendo, pois muitos sentimentos e sentidos caóticos o estavam atingindo.
Iveagha sentiu como um impacto seco e doloroso, como se tudo o que era estivesse se estilhaçando e fragmentando. Tudo escureceu e uma dor imensa o tocou e exigiu sua absoluta atenção. Olhando em volta sentiu uma solidão e uma separação que nunca tinha sentido antes, o que o deixou ainda mais assustado.
Tomado de desespero sentiu que não fazia mais parte do Trovão, e até mesmo que seus irmãos lhe eram estranhos. Horrorizado sentiu que toda a luz havia se ido, e que não conseguia mais encontrá-la. E havia aquela sensação que a tudo envolvia, como que de um imenso e terrível abandono e uma solidão esmagadora.
Apavorado, sensação com a qual ainda não estava familiarizado, sentiu como se estivesse se afogando num líquido escuro e denso, longe da luz, longe do amor que sempre fora onipresente e, ainda mais destruidor, fora do alcance do UM.
Advertisement
Desesperado e desolado gritou de dor e elevou um grito de clemência ao alto:
- Pai Trovão, pai Trovão, por favor, não quero isso, não quero essa dor. Eu não sabia. Me deixe voltar, me deixe fazer parte novamente. Não quero ficar sozinho. Eu só queria experimentar, buscar em seu nome.
Com horror ouviu algaravias terríveis e hediondas de sons que o engolfavam e que não conseguia mais entender, por mais que se esforçasse. Eram vozes guturais que não entendia. Ondas de escuridão passaram a se mover à sua volta, densas, que pareciam se enroscar em sua energia, gritando ofensas e impropérios.
E a loucura o ameaçou.
Sabia, sem saber como, que seus irmãos estavam passando pela mesma situação. Procurando juntar forças os procurou, mas viu que estava sozinho naquela escuridão negra e cinza, cheia de sons estranhos que mais pareciam gritos de agonia e ameaças desconexas.
Subitamente uma voz fendeu aquele horror. Tomado de um desespero desmedido procurou a fonte. Mas, por mais que procurasse desesperadamente não a achou, não conseguindo, nem mesmo, definir de onde tinha vindo.
Então algo chegou à sua alma, e teve esperança e seu peito se encheu de felicidade, mesmo que embotada. Ante toda a ofensa e dor que se revolvia ao seu lado se pôs em silêncio, procurando ter certeza de que ouvira algo que só poderia ser o Trovão: “Nunca o abandonei, nunca o abandonarei. Tudo vai dar certo, confie! Nunca estará só...”.
Com fúria, Iveagha procurou ainda mais desesperadamente pela fonte, por Trovão. Por um tempo longo demais o procurou, mas só havia aquela voz que se tornava cada vez mais sutil, até que parou, crente de que era ele mesmo se enganando, dizendo coisas que desejava ouvir.
A voz que pensava ouvir, cada vez mais fraca, era apenas sussurros seus, se disse então, disso se convencendo.
Horrorizado sentiu sua energia se adensar e a escuridão pesar ainda mais.
Sua energia pulsou fracamente no vazio que sentia em si mesmo.
Advertisement
- Estou só, mesmo que outros estejam comigo, eu sei agora – reconheceu, a atenção percorrendo a criação vazia, inóspita e escura que parecia cada vez mais se abater sobre ele.
Foi nesse dia que foi reconhecendo e dando nomes a sensações que o percorriam: medo, desamparo, solidão, tristeza, escuridão, vazio, e toda sorte de coisas pesadas e destacadas da luz. E viu que, mesmo que isso não lhe trouxesse algum alívio, o deixava de alguma forma confortável, ao se enganar que lhes obtinha controle.
Por fim sorriu resignado, acabando por aceitar o que era, se dizendo que por muito tempo se deixara enganar, ao acreditar em algo diferente.
- Como pude me enganar, achando que era parte de algo? – gemeu para a escuridão que abraçava.
Nesse momento viu novamente seus irmãos, escuros, alguns negros e alguns outros cinzas, alguns enormes e alguns pequenos, alguns se revolvendo como trapos no ar e outros se batendo em sua forma dahel[1], onde só o vermelho dos olhos de alguns, e amarelo de outros, se destacavam maldosos cheio de rancor e poder.
E viu os que haviam se dado a forma dahel se olharem envergonhados, e criarem para si mantos e armaduras, e sombras espessas, com tudo isso se cobrindo.
- Que seja assim então – ouviu um de seus irmãos, um dos maiores, gritar com a voz banhada de tristeza e medo, para as imensidões, tomado de dor dentro daquela terrível escuridão, como um desafio cheio de lamentações ao deus que os havia traído. – Eu sou Trevas, e não mais Zadckiel...
- E eu sou Escuridão, e não reconheço o nome Balael – lamuriou um outro gigante que estava mais perto.
Como que hipnotizado, Iveagha ouviu os outros, resto de anjos como eles, se nomeando, um a um, na voz dolorida e magoada. E os ouviu se chamarem de os “abandonados na noite”, os “traídos”.
Com uma dor na fonte de seu ser, onde pulsava seu pequeno coração centelha, do corpo que para si criara, dentro das roupas que se dera que se estendiam como capa e plumas ao seu lado, olhou para os lados, buscando pela última vez uma luz que lhe desse esperança. Por longo tempo ficou esperando, ignorando sua própria voz que ridicularizava sua espera, ignorando as vozes de seus irmãos que o incentivavam a despertar e se deixar cair ainda mais, e de outros que se riam e debochavam de sua tola esperança. Por fim, baixou a cabeça, desamparado.
- Está na hora de aceitar que fui enganado por muito tempo, e que a traição é a única certeza de que tenho. Por Iveagha fui chamado quando fui criado, mas, agora, Mercator me chamo, Mercator eu sou, flagelo eu sou. A luz é o mal que escravizo, e contra ela eu sou – gritou levantando a cabeça e encarando com fúria os sóis que cintilavam na escuridão. - A luz de que um dia acreditei ter nascido renego, e dela vou me utilizar para a fazer retroceder, colocando em seu lugar a verdadeira natureza das coisas, a escuridão de que sou feito – rilhou, fazendo surgir em suas mãos tochas de luz, que em espadas moldou. Após observá-las com orgulho e prazer por um tempo as recolheu nas pequenas bainhas nos dois lados da cintura, ocultas em seu manto de densas neblinas. – Demônio nasci, demônio sou pelos tempos... – gritou em desabafo, - e horror é tudo o que posso oferecer, porque é tudo o que eu sou.
Então olhou para os lados, vendo que todos os outros se davam espadas. Girando sobre si sua atenção avaliou de modo seco e indiferente a solidão que sentia, e a rejeitou, porque agora via que estava cercado por imensa quantidade de irmãos.
> Demônio agora eu sou – gritou possesso. - E, agora, eu não estou mais sozinho.
[1] Vide o livro “ANEXO DANATUÁS E OUTROS’, do mesmo autor.
Advertisement
- In Serial441 Chapters
Mycology
Declan was but a teenager when he was invited to Gaia. It wasn't some popular VRMMO like the ones his friend keeps recommending, nor was it a 'game' in the traditional sense. Gaia was the stopgap to Indiri, a living breathing world, the final creation of a dead genius. Invited to this world by Eve, the overseer and an AI light-years greater than any that came before her, Declan was given a choice. To join or not to join? Well, why the hell not? Hello, this is a pretty basic VR story which I started writing out of boredom, don't expect anything too great here, it's a somewhat unique setting but with mostly slice of life comedy shenanigans with no real 'plot' since I can't reliably include stakes in a world where respawning is a thing. I'll try to upload at least once every other week but real life stuff may get in the way occasionally. **WARNING** Protagonist comes with an inbuilt wizard hat. Also, any mentions of chapter titles shall be met with falling rocks TPK. **ACTUAL WARNING** Story may or may not read like the fever dream of an eclectic sasquatch with internet connection. Do be warned, that this story has extremely slow pacing by design. Join the Discord!! https://discord.gg/p2gxqs4 Laugh at my empty Patreon!!
8 289 - In Serial23 Chapters
The Iron Veil
Author's note: The following is the first 21 chapters of THE IRON VEIL (approximately 50K words). To purchase the complete novel, please visit: https://amzn.to/2IVwHJZ To get a free OmniWorld short story (which you should only read after completing The Iron Veil to avoid spoilers), please visit: http://www.randynargi.com/the-iron-veil/ It’s not a game. It’s a nightmare. 25 year-old Justin Boone has been waiting his entire life for an adventure like this. Breakthrough technology developed at a government sleep study program allows participants to interact with each other in the OmniWorld, a shared dream state that resembles an online role-playing game. 2.3 million people applied to participate in the first public test. 5000 were chosen. And Justin is one of them. But he soon finds that he’s not one of the lucky ones. Not by a long shot.
8 115 - In Serial6 Chapters
Interstellar raiders: A collection of short stories
When Earth is attacked by a group of alien slavers, humanity rises up and fight with valor, courage and secret weapons constructed by the superpowers. The fight to safeguard humanity's safety extends beyond the solar system, as the United Nations of Earth takes the fight to the enemy in this collection of short stories This collection is also avaiable on Amazon: https://www.royalroad.com/amazon/B0844YTKHD
8 136 - In Serial43 Chapters
Judas Valiant: Chorus of the Machine Giants
The world of Judas Valiant is bustling with Fantasy and a touch of Steampunk. This is an original tale made as an homage to the famed Studio Ghibli and Guillermo Del Toro, all-the-while taking inspirations from numerous animes and fantasies alike (Too many to love! Too many to name!). When a bloody catastrophe strikes a young boy's home, desperation brings about an unknown visitor. Plagued with gut-wrenching fear and an oncoming spiral into madness comes the boy's only hope of survival. Ripe with desperate opportunity, arrives the many-faced creature rushing to make a deal worth several lifetimes. "To find your way into your parent's arms again, you'll need to become a Valiant." He explained. "A Valiant?" I responded suspiciously. "...One must perform a 3-part task in which you must demonstrate the essence of a Mother, the essence of a Father, and earn the essence of a Gaurdian." He explained with haste. Innocently playing into the unknown visitor's tempting hand, the boy agrees to a deal hopelessly intertwined with a journey like no other and is sent to the mysterious and massive city of New Dwarden. Faced with outrageously colorful characters, towering and seemingly alien animal life, and even talking frogs-lemur's, the boy must adapt to grand adventure to complete his impossible task. This a steampunk story about a second chance at life, one that grows beyond life and death. Join me Frankie, as I guide you through the original tale of Judas Valiant: Chorus Of The Machine Giants Primarily Inspired by: Hayao Miyazaki (Studio Ghibli) Dedicated To: D-Ward Special Thanks: Erick M. Justin C. Mauricio L. Liam G., Nino V. Very Loosely Based On The Life Of: Frankie S. Cover Credit To Whom It Pertains (I'm open to put artist name up here)
8 98 - In Serial15 Chapters
The Bond of Three
Ash was a - mostly - normal adult who'd spent the last year of her life looking for a job. Then, she unexpectedly experiences what was happening to someone else. It's like this; she gets slapped, the other person feels it. The other person goes to sleep, she can see their dreams in the back of her head. Who is linked to her and how does she find them? Just after everything seems all good and well, she and her link discover something huge.
8 69 - In Serial68 Chapters
Wolves of Roma
All Evelyn wanted was a quiet and simple life that she had been working towards and finally it is in her grasp. But fate as usual has a different idea. Now, Evelyn finds herself in the middle of a conflict she had nothing to do with and no idea how to make out of it alive in one piece
8 183

